14.11.15

15.Nov.2015

Saí com o pretexto de ir deitar o lixo fora, mas o que queria mesmo era apanhar um bocadinho de sol.
Podia ter sido uma saída banal, chegava ao fundo da rua e voltava para cima a passo de caracol.
Mas, fui para baixo com o coração e o corpo leve, voltei com o coração apertado e a garganta seca.
Conheci a solidão, vi olhos encharcados de lágrimas, e ouvi a história, de um amor que durou 63 anos, dos quais os últimos 5, foram passados com sofrimento, percebi o que é regressar à terra que se julga nossa, e já não conhecer ninguém, não ter com quem falar, que quando a solidão está instalada dentro de nós, pode-se mudar de ares mas ela caminha lado-a-lado connosco, que uma das melhores características de alguém é ser trabalhador, que aos 80 e poucos anos os nossos filhos já terão netos, e "lá têm a vida deles" não podem estar ao pé de nós, que se sobrevive a um cancro e se consegue viver muitos anos sem um peito, que quando queremos falar não nos importamos de quem nos está a ouvir...


Como será a minha finitude? Como a imagino?
Eu só ia deitar o lixo e apanhar sol!

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